
1. A nutrição de ontem: mais simples, mais viva, mais potente
Gerações atrás, a alimentação era mais conectada à terra — literalmente.
- Alimentos vinham de solos ricos em minerais e diversidade microbiológica (FAO, 2015).
- A dieta era baseada em alimentos integrais, frescos e locais.
- Não havia agrotóxicos em larga escala, aditivos químicos nem ultraprocessados — o conceito sequer existia.
Era uma nutrição funcional, mesmo sem esse nome. Comida com tempo, sabor e densidade nutricional.

2. O que aconteceu com o nosso solo (e com a comida)?
O uso intensivo de técnicas agrícolas modernas, como monocultura e fertilizantes sintéticos, provocou um empobrecimento progressivo dos solos — e, consequentemente, dos alimentos (Davis et al., 2004; FAO, 2015).
Um estudo comparando dados do USDA entre 1950 e 1999 mostrou quedas médias de até 38% em nutrientes essenciais como cálcio, ferro, magnésio, fósforo e vitaminas em frutas e vegetais (Davis et al., 2004).
Além disso:
- Pesticidas afetam a microbiota do solo e o equilíbrio enzimático das plantas.
- A colheita precoce e o transporte prolongado aceleram a perda pós-colheita de nutrientes, especialmente de vitaminas hidrossolúveis como a C e o complexo B (Barrett et al., 2010).
3. O paradoxo moderno: excesso de calorias, carência de nutrientes
Vivemos num paradoxo da desnutrição em meio à abundância calórica.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de dois bilhões de pessoas têm deficiências de micronutrientes, mesmo com ingestão calórica suficiente ou até excessiva.
O Brasil, por exemplo, consome hoje mais de 50% das calorias diárias advindas de alimentos ultraprocessados em boa parte da população urbana (Monteiro et al., 2019).
Ou seja: não é só sobre comer — é sobre o que está (ou não está) no que comemos.

4. Transgênicos, hormônios e disruptores: o novo normal
A transgenia, junto com seu pacote tecnológico, trouxe:
- Uso extensivo de herbicidas como glifosato, classificado pela IARC/OMS como “possivelmente carcinogênico”(Grupo 2A) (Guyton et al., 2015).
- Impactos no microbioma intestinal, imunidade e metabolismo (Mesnage & Antoniou, 2018).
- Resíduos hormonais e antibióticos em produtos de origem animal, com risco de resistência bacteriana e disfunções endócrinas (Heuer et al., 2011).
Além disso, estudos mostram que disruptores endócrinos como bisfenol A (BPA) e ftalatos, presentes em plásticos, afetam o metabolismo, fertilidade e sistema neurológico, mesmo em doses mínimas (Gore et al., 2015).
5. O resultado? Um corpo que precisa de ajuda
Não é você que está “fraco”. É o sistema que está corrompido.
Mesmo quem se alimenta bem pode apresentar carências sutis de:
- Magnésio
- Vitamina D
- Zinco
- B12
- Ômega-3

Suplementar com consciência não é luxo — é estratégia.
Uma metanálise de 2013 publicada no American Journal of Clinical Nutrition apontou que dieta sozinha raramente atinge as RDAs (Recommended Dietary Allowances) de micronutrientes, mesmo em populações bem alimentadas (Troesch et al., 2012).
6. Mas e se eu fugisse pras montanhas e plantasse minha própria comida?
Brincadeira… ou não.
O ideal seria vivermos como nossos avós: água limpa, comida da horta, ar puro, tempo para cozinhar e mastigar.
Mas enquanto isso não é realidade para a maioria, podemos resgatar parte desse equilíbrio com inteligência nutricional. E isso passa por escolher bons suplementos — os mais limpos, biodisponíveis e compatíveis com o que nosso corpo precisa.

7. Conclusão: não é exagero, é cuidado
- Comer bem não basta mais.
- Suplementar é reconhecer o cenário — e agir.
- É um gesto de cuidado, não de frescura.
Porque nossos avós colhiam comida que alimentava. Hoje, colhemos rótulos que intoxicam.
E nesse mundo ultraprocessado, autocuidado virou resistência.
Se cuidar é um ato politico!
📚 REFERÊNCIAS
- Davis, D. R., Epp, M. D., & Riordan, H. D. (2004). Changes in USDA food composition data for 43 garden crops, 1950 to 1999. Journal of the American College of Nutrition, 23(6), 669–682.
- FAO. (2015). Status of the World’s Soil Resources. Food and Agriculture Organization of the United Nations.
- Monteiro, C. A., Cannon, G., Levy, R. B., Moubarac, J. C., Jaime, P., Martins, A. P., … & Louzada, M. L. (2019). Ultra-processed foods: what they are and how to identify them. Public Health Nutrition, 22(5), 936–941.
- Barrett, D. M., Beaulieu, J. C., & Shewfelt, R. (2010). Color, flavor, texture, and nutritional quality of fresh-cut fruits and vegetables: desirable levels, instrumental and sensory measurement, and the effects of processing. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, 50(5), 369–389.
- Guyton, K. Z., Loomis, D., Grosse, Y., Ghissassi, F. E., Benbrahim-Tallaa, L., Guha, N., … & Straif, K. (2015). Carcinogenicity of tetrachlorvinphos, parathion, malathion, diazinon, and glyphosate. The Lancet Oncology, 16(5), 490–491.
- Mesnage, R., & Antoniou, M. N. (2018). Facts and fallacies in the debate on glyphosate toxicity. Frontiers in Public Health, 6, 361.
- Heuer, H., Schmitt, H., & Smalla, K. (2011). Antibiotic resistance gene spread due to manure application on agricultural fields. Current Opinion in Microbiology, 14(3), 236–243.
- Gore, A. C., Chappell, V. A., Fenton, S. E., Flaws, J. A., Nadal, A., Prins, G. S., … & Zoeller, R. T. (2015). EDC-2: The Endocrine Society’s Second Scientific Statement on Endocrine-Disrupting Chemicals. Endocrine Reviews, 36(6), E1–E150.
- Troesch, B., Hoeft, B., McBurney, M., Eggersdorfer, M., & Weber, P. (2012). Dietary surveys indicate vitamin intakes below recommendations are common in representative Western countries. British Journal of Nutrition, 108(4), 692–698.