Uma vez um amigo me falou sobre uma teoria de que ninguém precisaria trabalhar mais que 4 horas por semana e em seu argumento ele dissertou sobre como tudo era uma questão de intensidade e foco.
Lembro-me que meu pensamento imediato foi: Nem sempre funciona desta maneira!
Desde então, essa reflexão tem ocupado minha mente: Qual é o número mínimo de horas necessário para construir e manter cada “projeto”?
Aqui, como sempre, cabe espaço para pensar em absolutamente todas as áreas da nossa vida.
E a pergunta é: Quanto tempo devo dedicar a uma função para não só manter as demandas existentes em ordem, mas também continuar evoluindo?
Quando pensamos em exemplos, de imediato vêm à mente o nosso trabalho, nossa casa, relacionamentos interpessoais, saúde emocional e física, crescimento pessoal… a lista continua.
Se dividirmos nossas “demandas” em construtivas ou de manutenção, podemos avaliar o argumento inicial e questionar se, de fato, tudo se resume a foco e intensidade.
Por exemplo, quando falamos de exercício físico, se pararmos para pensar, há uma diferença entre manter uma rotina de exercícios para manutenção da saúde e realizar, de fato, treinamento específico para evoluir ou conquistar um objetivo desejado.
Manter-se ativo é uma tarefa contínua, que demanda invariavelmente blocos de tempo ao longo da semana, enquanto um treinamento intenso exige dedicação e planejamento. Aqui, foco e intensidade podem funcionar, mas até certo ponto. Você pode ter um desempenho excelente em um treino, mas se deixar de se exercitar por uma semana, pode perder o progresso e a forma.
Se você já pedalou já deve ter ouvido a expressão que pra melhorar precisa de “horas/bunda em cima da bike”.
Brincadeiras à parte, o mesmo se aplica a outros aspectos da vida.
No trabalho, uma rotina de manutenção talvez envolva cumprir prazos, responder e-mails e lidar com tarefas imediatas. Mas para realmente evoluir — aprender novas habilidades, inovar ou expandir seus horizontes — é preciso mais do que foco nas demandas diárias. É preciso tempo dedicado a atividades que, muitas vezes, não têm retorno imediato, mas são essenciais para o progresso.
E é aí que entra a reflexão fundamental: a rotina deve ser uma ferramenta que nos sirva, não que nos escravize.
Muitas vezes, caímos na armadilha de sermos reféns de uma rotina que, em vez de facilitar a vida, acaba se tornando um fardo. Quando a rotina se transforma em uma lista interminável de obrigações que parecem sufocar o nosso tempo, ela deixa de ser produtiva.
Uma rotina eficaz não é aquela que nos prende, mas sim aquela que nos dá a estrutura necessária para alcançar nossos objetivos sem perder de vista o equilíbrio e a qualidade de vida. Ela deve permitir que tenhamos tempo para as “manutenções” essenciais, mas também abrir espaço para que possamos evoluir e crescer — seja no trabalho, nos relacionamentos, ou em nosso bem-estar físico e emocional.
No entanto, é aqui que entra um ponto chave: você não escolhe o seu futuro, escolhe os hábitos que moldam o seu futuro.
A rotina, quando construída com consciência, não é apenas uma série de tarefas a serem cumpridas; é um conjunto de hábitos que, dia após dia, nos aproximam daquilo que desejamos ser e alcançar. Esses hábitos moldam quem nos tornamos, porque, enquanto o futuro é incerto e cheio de variáveis incontroláveis, as ações que tomamos diariamente estão sob o nosso controle.
Se pararmos para refletir, todo grande objetivo ou transformação é fruto de pequenas decisões cotidianas. O que fazemos consistentemente é o que realmente define o caminho que estamos trilhando. Portanto, a pergunta que devemos nos fazer não é apenas “quais são as demandas da minha rotina?”, mas “quais são os hábitos que estou cultivando através dela?”
Se a sua rotina é composta de hábitos que promovem apenas a manutenção, você estará constantemente girando em torno de si mesmo, mantendo as coisas no lugar, mas sem avanço real. Por outro lado, se você conseguir inserir hábitos construtivos, mesmo que pequenos, começará a notar o impacto cumulativo dessas escolhas ao longo do tempo.
Por exemplo, dedicar 15 minutos diários a uma nova habilidade, praticar exercícios por meia hora ou reservar um tempo para reflexão pessoal são pequenos hábitos que, ao longo de meses ou anos, podem moldar um futuro completamente diferente daquele em que você apenas cumpre as exigências do presente.
Listei algumas estratégias práticas que costuma me ajudar a transformar a rotina em uma ferramenta de crescimento pessoal:
1. Defina Objetivos Claros e Específicos
- Estabeleça metas claras: Saber exatamente o que você quer alcançar ajuda a moldar sua rotina de forma mais eficaz. Se seu objetivo é melhorar sua saúde, defina metas específicas como “caminhar 30 minutos por dia” ou “beber 2 litros de água diariamente”.
2. Crie Hábitos Construtivos
- Desenvolva hábitos diários: Comece com pequenos hábitos que contribuam para seus objetivos. Por exemplo, se deseja melhorar seu bem-estar, adicione um momento de meditação ou leitura diária à sua rotina.
3. Estabeleça Prioridades
- Identifique o que é mais importante: Priorize tarefas e atividades que tenham maior impacto em seus objetivos. Use a Matriz de Eisenhower para distinguir entre tarefas urgentes e importantes.
4. Utilize Técnicas de Gestão do Tempo
- Planeje e agende: Use técnicas como o Método Pomodoro ou a técnica de Time Blocking para gerenciar seu tempo de forma eficiente e garantir que haja tempo para tarefas importantes e momentos de descanso.
5. Faça Revisões Regulares
- Revise e ajuste sua rotina: Regularmente, analise o que está funcionando e o que não está. Faça ajustes necessários para melhorar a eficiência e o alinhamento com seus objetivos.
6. Integre Tempo para Auto-Cuidado
- Cuide de si mesmo: Inclua momentos para atividades que promovam seu bem-estar físico e mental, como exercícios físicos, hobbies, e relaxamento.
7. Construa um Ambiente Favorável
- Organize seu espaço: Crie um ambiente que facilite o foco e a produtividade. Mantenha seu espaço de trabalho limpo e livre de distrações.
8. Celebre Pequenas Conquistas
- Reconheça seu progresso: Celebre as pequenas vitórias ao longo do caminho. Isso ajuda a manter a motivação e a reconhecer o impacto positivo dos hábitos que você está cultivando.
9. Busque Suporte e Responsabilidade
- Compartilhe suas metas: Envolva amigos, familiares ou colegas em suas metas. Ter alguém para apoiar e acompanhar seu progresso pode aumentar sua responsabilidade e motivação.
10. Seja Flexível e Adaptável
- Adapte-se às mudanças: Entenda que imprevistos podem acontecer. Seja flexível e ajuste sua rotina conforme necessário para lidar com as mudanças sem perder o foco em seus objetivos.
Concluindo..
A verdadeira liberdade não está em escapar da rotina, mas em ser capaz de moldá-la de forma que ela trabalhe a seu favor, levando você para mais perto do futuro que deseja. Afinal, o que fazemos repetidamente define quem somos, e quem somos determina a direção que tomamos na vida.