
“Segundo estudos, uma dose única de creatina melhora o desempenho cognitivo e induz mudanças nos fosfatos de alta energia cerebrais mesmo durante a privação de sono.”
O estilo de vida moderno, com sua pressão de trabalho e hábitos de sono inadequados, aumenta a prevalência da privação de sono, associada a acidentes, redução de desempenho e doenças crônicas.
Para mitigar essas consequências negativas, substâncias como a cafeína ganharam popularidade, enquanto a comunidade esportiva reconhece a creatina por seu potencial ergogênico. Estudos destacam os efeitos protetores da creatina em culturas celulares, melhorias cognitivas e seu potencial em distúrbios do sono e neurodegenerativos, apoiados por técnicas como a ressonância magnética e ensaios enzimáticos.
Ao estudar os efeitos inversos da suplementação de creatina e da privação de sono nos fosfatos de alta energia, na creatina neural e no desempenho cognitivo, sugere-se que a creatina pode reduzir os impactos negativos da privação de sono.
O que são “Fosfatos de alta energia”
O termo refere-se a compostos que armazenam e liberam energia rapidamente nas células, especialmente durante processos metabólicos intensos como a síntese de ATP (trifosfato de adenosina). Os fosfatos de alta energia incluem moléculas como o ATP (trifosfato de adenosina), o ADP (difosfato de adenosina) e o fosfocreatina (PCr), que desempenham papéis cruciais na transferência de energia celular e no metabolismo energético.
A administração de uma alta dose única de creatina monoidratada (0,35 g/kg) durante a privação de sono mostrou melhorias temporárias na captação de creatina central, acompanhadas por mudanças metabólicas benéficas e melhoria no desempenho cognitivo.
Embora a creatina seja pouco solúvel em água e tenha uma bio-disponibilidade limitada, estudos demonstram que a suplementação oral prolongada aumenta os níveis de creatina no SNC, crucial para sua eficácia.
A pesquisa investigou a cinética dos metabólitos cerebrais e o desempenho cognitivo após uma dose aguda de creatina versus placebo durante a privação parcial de sono, utilizando técnicas avançadas de imagem e testes cognitivos em múltiplos intervalos de tempo.
No entanto, sua eficácia é limitada pela captação pelo sistema nervoso central (SNC), sendo necessária uma dieta prolongada de semanas para resultados significativos.

Metodologia e Desenho do Estudo
O estudo envolveu a administração de uma dose única elevada de creatina (0,35 g/kg) em indivíduos saudáveis submetidos a 21 horas de privação de sono controlada. Utilizando técnicas avançadas de ressonância magnética, incluindo espectroscopia de fosfato-31 (31P-MRS) e espectroscopia de próton-1 (1H-MRS), os pesquisadores monitoraram os efeitos da creatina nos parâmetros metabólicos e no desempenho cognitivo dos participantes ao longo de um período de 9 horas após a administração.
Resultados do Estudo
- Melhoria nos Parâmetros Metabólicos Cerebrais: A creatina demonstrou aumentar significativamente a relação PCr/Pi (fosfocreatina/fosfato inorgânico) no cérebro dos participantes. Este aumento indicou uma melhor preservação dos níveis de ATP (adenosina trifosfato), essencial para a energia celular, e uma redução na acidificação celular, o que é particularmente crucial durante a PS, quando os recursos energéticos estão comprometidos.
- Benefícios no Desempenho Cognitivo: Indivíduos que receberam creatina apresentaram melhorias significativas no desempenho cognitivo em uma série de testes. Observou-se um aumento na velocidade de processamento cognitivo, melhor desempenho em tarefas de memória verbal (Word Memory Test – WMT) e numérica (Digit Span – SPAN), e maior vigilância mental (Psychomotor Vigilance Test – PVT). Esses resultados sugerem que a creatina pode desempenhar um papel crucial na manutenção da função cognitiva sob condições de estresse metabólico.
- Resposta Rápida e Sustentada: Surpreendentemente, os efeitos benéficos da creatina foram observados rapidamente após a administração oral e persistiram ao longo do período de monitoramento de 9 horas. Esta resposta rápida sugere que a creatina não apenas pode preservar, mas também melhorar a função cognitiva agudamente, o que pode ser particularmente útil em situações onde o desempenho cognitivo imediato é crucial.



Considerações Finais
Os achados deste estudo destacam o potencial da creatina como uma intervenção aguda eficaz para mitigar os efeitos adversos da privação de sono no desempenho cognitivo humano.
Ao aumentar a disponibilidade de creatina no sistema nervoso central durante períodos de alta demanda metabólica, a creatina não só preserva os recursos energéticos celulares, mas também melhora a função cognitiva. Esses resultados têm implicações significativas para profissionais que enfrentam desafios de sono irregular e para aqueles em ambientes onde o desempenho cognitivo é crucial.
Fontes e Referências
- Estudo Principal: Publicado em Scientific Reports. Disponível em: Link para o estudo
- Rico-Sanz et al., 2024. Estudos sobre metabolismo de creatina e efeitos cognitivos.
- Perasso et al., 2023. Investigação sobre transporte de creatina no sistema nervoso central.
- Baldini et al., 2022. Estudos sobre fosfatos de alta energia e metabolismo cerebral.